Para Edna*, são quase 200km até Castro Alves (BA), sua cidade. Com seis meses de internação na unidade de Salvador, ela conta porque matou a avó de 75 anos a pancadas. “Ouvi vozes. Quando eu vi, ela estava caída”, afirma, sem entrar em detalhes. Com 36 anos e três filhos, a mulher fala da rotina do tratamento, do quanto os funcionários cuidam bem das internas e dos horrores vividos na delegacia, antes de ficar provada a insanidade mental. “Aqui é melhor. O espaço, o tratamento, tudo. A gente toma remédio. Eu tenho epilepsia e distúrbio mental”, enumera.
A distância da família, sobretudo entre os internos que moram no interior do estado, é um grave problema, aponta o psiquiatra Paulo Barreto Guimarães, diretor do Hospital de Custódia e Tratamento da Bahia. “Não acredito que seja o caso de construir estabelecimentos em todos os lugares. O correto seria oferecer o tratamento ambulatorial, ou mesmo de internação, se for necessário, na rede pública de saúde. Mas não há serviços disponíveis”, diz.
Créditos: Correio Braziliense – Renata Mariz