Não bastasse o duplo estigma, deixado tanto pela loucura quanto pelo crime, os doentes mentais que cumprem internação para tratamento por determinação judicial no Brasil carregam uma vulnerabilidade social acentuada. O censo encomendado pelo Ministério da Justiça ao qual o Correio teve acesso mostra que os quase 4 mil indivíduos dentro de manicômios judiciários são predominantemente negros, pobres, com vínculos familiares frágeis, pouca qualificação profissional e quase nenhuma inserção no mercado de trabalho antes do cometimento do crime.
A maior concentração está na faixa dos 30 aos 34 anos, com 19% de toda a população internada. Dezesseis por cento têm entre 35 a 39 anos, mesmo percentual na faixa de 25 a 29 anos. Quase 40%, entretanto, têm 40 anos ou mais. Como o tempo de internação dentro dos manicômios é indefinido, tal população tende a sair velha e necessitando de cuidados, o que torna a desinternação ainda mais difícil. Não são poucos os casos de pessoas que já podiam estar desinternadas, mas não têm para onde ir.
Créditos: Correio Braziliense – Renata Mariz