Familiares são a maioria das vítimas, sobretudo os filhos. Estigmatizadas, enfrentam dificuldades para retornar à sociedade
Salvador — Carolina* poderia ser uma jovem como outra qualquer. Cabelos pretos e ondulados abaixo do ombro, morena clara, jeito de menina, ela planeja estudar e trabalhar em sua cidade natal, Amargosa, a quase 400km de Salvador. O caminho para chegar lá, porém, é incerto. Há oito meses no Hospital de Custódia e Tratamento da Bahia, localizado na capital do estado, Carolina cumpre medida de segurança (internação psiquiátrica compulsória) determinada pela Justiça por ter cometido o mais brutal de todos os crimes. Matou o próprio filho. “Enforquei ele”, conta, com o rosto anestesiado pelos medicamentos ingeridos.
Era o primeiro rebento da moça de 25 anos. Gabriel tinha apenas dois meses quando Carolina apertou o pescoço da criança até que ela perdesse a capacidade de respirar. “Eu estava sozinha. Não lembro exatamente como aconteceu. Quando minha mãe chegou em casa, o bebê estava morto e eu, desmaiada”, relata a mulher, diagnosticada com depressão. Diante das evidências clínicas do sofrimento mental até então desconhecido pela jovem, a Justiça mandou Carolina para o manicômio judiciário, de onde sairá quando não representar mais perigo para a sociedade e para si mesma. A história dela se repete entre a maioria das mulheres internadas nesses estabelecimentos no país.
Créditos: Correio Braziliense – Renata Mariz