Salvador – Em 1999, Mateus da Costa Meira, estudante de Medicina à época, invadiu uma sala de cinema do Morumbi Shopping, em São Paulo, e disparou contra a platéia, mantando três pessoas e ferindo cinco. Ele tinha 24 anos na data do crime. A defesa tentou mostrar que Mateus sofria de alucinações, ouvia vozes misteriosas, tinha crises de agressividade, além de um comportamento estranho e solitário. Mas a Justiça de São Paulo refutou a tese de que o ex-estudante era inimputável por doença mental, condenando-o a 120 anos e seis meses de prisão.
Três anos depois, os magistrados reduziram a pena para 48 anos e nove meses. Mateus ficou preso no Centro de Observação Criminológica (COC) do Complexo do Carandiru, em São Paulo, até o presídio ser desativado, em 2002. Foi transferido para a Penitenciária 2 de Tremembé (SP) e, depois, em 2009, para a Penitenciária Lemos Brito, em Salvador (BA), onde nasceu e mora parte da família. Lá, tentou matar um colega de cela com uma tesoura, aparentemente porque o homem ouvia a televisão em volume muito alto.
Ano passado, a Justiça da Bahia, por meio do júri popular, absolveu Mateus da acusação de tentativa de homicídio contra o colega de prisão. Foi considerada a tese, defendida até pela promotora do caso, Armênia Cristina Santos, de que o ex-estudante era é inimputável por sofrer de doenças mentais atestadas por laudos médicos. Com tal decisão, Mateus foi encaminhado para o Hospital de Custódia e Tratamento (HCT) de Salvador, onde permanece até hoje. A reportagem do Correio tentou falar com o rapaz, mas foi informada pela direção da instituição de que ele não concede entrevistas.
Sua defesa pleiteia atualmente na Justiça baiana que Mateus seja considerado inimputável no crime praticado no cinema. “Para nós, ele é esquizofrênico, mas a Justiça ainda vai avaliar se pode converter a pena em medida de segurança”, explica o diretor do HCT Paulo Barreto Guimarães. Apesar do laudo favorável, diz o psiquiatra, o caso de Mateus é delicado. “Vamos ver quando chegar a hora de fazer o exame de cessação de periculosidade (requisito para o paciente ser desinternado), uma tarefa difícil”, afirma.
Créditos: Correio Braziliense – Renata Mariz